EDITORIAL - Gestão 2019/2021 - Diretoria de Mulheres Associadas APMP

Confira um breve resumo de como foi a gestão da Diretoria de Mulheres durante a gestão 2019/2021
16 de agosto de 2021 > Notícias

Há pouquíssimo tempo, eu acreditava que a minha geração teria sido, talvez, a última empenhada na luta das mulheres. Até que um vozerio, marchas, protestos, campanhas na rede e meninas na rua se aglomeraram. Levei um susto. Um susto alegre. Mais ainda ao perceber que aqueles não seriam gritos passageiros. Pelo menos, ninguém menor de dezoito anos precisava disfarçar seu feminismo, como era a tônica das simpatizantes do movimento no meu tempo. Elas chegaram e falaram, quiseram, exigiram. E, para meu maior espanto, suas demandas feministas estão sendo ouvidas como nunca” Heloísa Buarque de Hollanda, no livro 'Explosão feminista: Arte, cultura, política e universidade', Companhia das Letras (2018).

Há dois anos recebi do Presidente da Associação Paranaense do Ministério Público gestão 2019/2021, André Glitz, a honrosa missão de assumir a Diretoria Operacional de Mulheres Associadas, cujo ciclo completou-se recentemente com a assunção da gestão 2021/2023 da nossa querida entidade de classe.

Nos primeiros meses de gestão, em março de 2020, sobreveio a crise sanitária desencadeada pela pandemia de SARSCOV-2, que, repentinamente, afetou a forma como vivíamos até então e que trouxe, definitivamente para a pauta, a necessidade de se tratar, sob a perspectiva de gênero, os diversos impactos pessoais e profissionais sofridos pelas agentes do Ministério Público do Paraná (MPPR) no contexto do novo coronavírus.

A crise sanitária apenas tornou mais claro que a desigualdade vivenciada pelas mulheres não é reflexo de fragilidade, mas, tão somente, da organização das relações sociais ao longo da história, em que foram moldadas as diferenças e desigualdades de tratamento entre homens e mulheres nas funções e responsabilidades atribuídas e nas atividades desenvolvidas.

A sobrecarga mental e laboral que incide na vida das mulheres e, consequentemente, na vida das agentes ministeriais, intensificou-se nesse momento de crise epidêmica, pois, social e culturalmente, as principais responsabilidades familiares e domésticas recaem de modo desproporcional sobre a mulher, o que mereceu, por parte da Diretoria de Mulheres, uma atuação especial sobre esse desequilíbrio desencadeando uma série de iniciativas institucionais propondo formas de combatê-lo ou mitigá-lo: i) requerimento sobre a permissão de trabalho remoto daqueles que possuem filhos (as) em idade escolar enquanto não retomadas as atividades escolares, ii) pedido de mudança dos critérios temporais de contagem das licenças maternidade e paternidade, iii) propositura de medidas institucionais de igualdade de Gênero, iv) requerimento de criação do comitê de igualdade de gênero, v) requerimento de reinclusão no grupo de risco das pessoas que coabitam com filhos menores de 24 meses, vi) requerimento de criação e implementação de práticas e políticas institucionais de incentivo à amamentação de agentes ministeriais.

Nesse período buscamos agir com o propósito comum de compartilhar a compreensão de nossa urgência, dar passos ousados para efetivar os compromissos e transformar as palavras em ações e em realidade. Em momentos de inversão de tendências de progresso, a Diretoria de Mulheres Associadas e a Associação Paranaense do Ministério Público (APMP) posicionaram-se contra retrocessos em conquistas femininas, a exemplo da Nota de Repúdio sobre a portaria nº 2.282 do Ministério da Saúde (MS) que criava entraves burocráticos ao exercício do aborto legal.

Também procuramos ampliar o âmbito de atividades, incentivando e apoiando a ocupação de espaços por mulheres em outras fronteiras, a exemplo da Nota de Apoio à candidatura de Melina Fachin para Secretária Executiva da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, por entender que a ampliação da participação de mulheres em espaços de poder e decisão tem sido fator de mudança social e de uma perspectiva de soluções que reforçam a cultura de paz e contra a desigualdade. 

Não poderia deixar de registrar o incondicional apoio que o atual Presidente da APMP, André Glitz, sempre dispensou às questões de gênero durante toda a gestão, promovendo, com coragem e independência, ações no sentido da efetiva implementação da igualdade material entre homens e mulheres no MPPR sempre com vistas a contribuir com a construção de uma Instituição cada vez mais democrática e comprometida com os valores constitucionais.

Nada seria possível sem a inestimável colaboração das funcionárias e dos funcionários da Associação Paranaense do Ministério Público, em especial as assessoras de comunicação Daniela de Jesus Artigas e Laís Sebben Xavier, que sempre prestaram todo o suporte para que as iniciativas da Diretoria fossem implementadas e as histórias das mulheres associadas pudessem ser contadas e divulgadas.

Com a valiosa contribuição da comissão de apoio da Diretoria das Mulheres composta pelas extraordinárias Carla Moretto Maccarini, Marcia Isabele Lopes Graf, Mariana Dias Mariano e Luiza de Almeida Prado procuramos encontrar respostas, reunir pontos de vista diversos em um processo de respeito mútuo com vistas a desencadear ações que respondessem aos diferentes anseios das mulheres associadas sob diversos aspectos - desde o âmbito social, passando pelo cultural e de qualidade de vida.

Durante esse tempo de gestão tive a maravilhosa oportunidade de conhecer, mostrar e ouvir tantas mulheres incríveis, inteligentes e corajosas que concordaram em participar das ações e iniciativas da Diretoria de Mulheres Associadas sem as quais esse trabalho não teria sentido nem o mesmo alcance e relevância. 

Na última edição dessa gestão do site da Diretoria de Mulheres a homenageada do mês é a associada Melissa Andrea Anselmo, que contou sua trajetória de vida, mostrando sua força e sensibilidade às quais refletem na sua personalidade e no seu trabalho e que inspiram a tantas de nós. Também gentilmente colaboraram nessa edição a associada Fernanda Ribas, que indicou o filme “Infiltrado na Klan” e a associada Marcia Graf, que indicou o livro “Palavras de Poder”, e deixaram suas impressões a respeito das obras escolhidas. 

Em todo o mundo estamos testemunhando um desejo sem precedentes por mudanças e um crescente reconhecimento de que quando as mulheres se juntam podem produzir resultados de longo alcance, por isso vejo a necessidade de se renovar esse espaço, de trazer novas visões, novas experiências e ideias ampliando seu alcance para que outras mulheres possam contribuir para a continuidade e consolidação desse necessário, importante e transformador ambiente de valorização do feminino. 

Ao final desse período, agradeço a oportunidade a todas e todos que colaboraram, contribuíram, criticaram, participaram, sugeriram e opinaram na construção de uma Diretoria de Mulheres cada vez mais aberta, plural e comprometida com as associadas.

Um grande abraço a todas com a certeza de que a próxima gestão será um período de muito sucesso e conquistas para as mulheres da Associação Paranaense do Ministério Público.

Symara Motter

Diretora de Mulheres Associadas

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