Mulheres emblemáticas: brasileiras que mudaram a história do país
Pensar no Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 08 de março, é um chamado para a reflexão, pois esta é uma data política, que foi motivada por fortes movimentos de reivindicação de igualdade em diversas áreas: política, trabalhista, social. Fruto de greves, passeatas e muitas manifestações.
Os movimentos das mulheres mundo afora começaram a ser notados com a luta pelos direitos políticos, com destaque para a primeira marcha das mulheres em Washington, em 1913, fato que foi um marco das origens do movimento feminista nos Estados Unidos (EUA) e, pleiteou, naquela época, o direito das mulheres ao voto. A marcha foi um dos principais marcos americanos do movimento sufragista, uma campanha global de mulheres que exigiam o direito ao voto, no período entre o século 19 e início do século XX. Em conjunto com esta reivindicação, surgiram outras demandas que convocavam igualdade de gênero na lei, na política, na casa e no trabalho.
As americanas, e depois as britânicas, foram protagonistas do movimento sufragista, que se espalhou pelo mundo em uma época marcada pelo machismo nas instituições, fato que ainda está presente no cotidiano das mulheres.
A luta das sufragistas durou décadas, enfrentando fortes reações na política e na sociedade. A primeira conquista do voto feminino ocorreu na Nova Zelândia, em 1873. Reino Unido e EUA aprovaram depois, em 1918 e 1920, respectivamente. No Brasil, o sufrágio veio em 1932.
Olhando para a perspectiva das mulheres brasileiras, é válido lembrar-se das suas conquistas de cidadania. Como o direito ao voto, que foi obtido há 88 anos, e o de frequentar a universidade, há 139 anos. Entretanto, há apenas 14 anos foi assinada a lei brasileira que criminalizou a violência doméstica, a Lei Maria da Penha.
Até o início do século XX, as mulheres eram legalmente dependentes do pai, e, depois de casadas, do marido, perante o qual tinham o mesmo status legal que os filhos. Somente em 1962, foi criada uma lei que alterou essa submissão da mulher casada. O documento, conhecido como Estatuto da Mulher Casada, contribuiu em muitos aspectos para a emancipação feminina. O Estatuto alterou diversos artigos do Código Civil de 1916, particularmente o artigo 6º, que atestava a incapacidade feminina para alguns atos.
Ainda, somente com a Constituição de 1988 o princípio da igualdade entre homens e mulheres se estendeu a todos os direitos e obrigações. Para garantir tal princípio de igualdade material, é necessário que as desvantagens de gênero sejam compensadas por meio de ações afirmativas, como a lei que reconheceu o feminicídio como circunstância qualificadora dos crimes, por exemplo.
O filme “As Sufragistas” conta a história dessas mulheres que enfrentaram seus limites na luta por igualdade e pelo direito de voto. As mulheres resistiam à opressão de forma passiva, mas, a partir do momento em que começaram a sofrer uma crescente agressão da polícia, decidiram se rebelar publicamente. A APMP, por meio da Diretoria das Mulheres, promoverá uma sessão de cinema para quem quiser conhecer melhor essa história. Saiba mais aqui.
Nesta data simbólica, a APMP, por meio da Diretoria de Mulheres Associadas, promoveu a campanha para reverenciar a história dessas mulheres que lutaram para alcançar direitos que hoje podem ser usufruídos pelas mulheres. A campanha, em alusão ao Dia da Mulher, intitulada “Mulheres emblemáticas: As brasileiras que mudaram a história do país”, reuniu alguns nomes que marcaram essa trajetória por um país mais igualitário. Confira abaixo mais detalhes sobre essas personalidades!
São muitas conquistas, mas ainda há muito a ser alcançado!
![]() Walkíria Moreira da Silva Naked Walkíria Moreira da Silva Naked marcou a história no Estado do Paraná, sendo a 1ª Promotora de Justiça nomeada do Ministério Público do Paraná (MPPR) e 1ª advogada da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná (OAB-PR). |
![]() Antonieta de Barros foi uma jornalista, professora, e política brasileira. Mulher, negra e pobre, Antonieta é um exemplo de mulher que foi protagonista de sua própria história, tornando-se a primeira deputada estadual negra do país e a primeira mulher eleita deputada estadual de Santa Catarina. |
![]() Bióloga especializada em anfíbios, Bertha Maria Júlia Lutz foi uma das maiores ativistas femininas do Brasil. Propôs projetos como a criação licença-maternidade e o Estatuto da Mulher. Lutou ainda pelo direito ao voto e pela igualdade entre homens e mulheres. |
![]() A trajetória de Celina Guimarães Viana marcou a inserção da mulher na política eleitoral do Brasil, pois ela foi a primeira eleitora do país. Celina também marcou a história do futebol, sendo a primeira mulher a apitar uma partida de futebol no Brasil, segundo relatos. |
![]() Uma mulher a frente de seu tempo, assim pode-se definir Laudelina de Campos Melo. Mulher, negra e trabalhadora doméstica, Laudelina lutou pela valorização do emprego doméstico, pelo feminismo e pela igualdade racial. Sua atuação permitiu a regulamentação do emprego doméstico por meio da fundação do primeiro Sindicato das Empregadas Domésticas do Brasil. |
![]() As mulheres negras tiveram papel essencial na dramaturgia brasileira e no sucesso das telenovelas e peças de teatro. Prova disso foi a atriz Ruth de Souza. Primeira dama negra do teatro e da televisão no país, Ruth de Souza foi a primeira artista nascida no Brasil a ser indicada ao prêmio de melhor atriz num festival internacional de cinema, por seu trabalho em “Sinhá Moça”, no Festival de Veneza, de 1954. |
![]() Considerada uma das precursoras do feminismo no Brasil, Leolinda Figueiredo Daltro foi uma professora que lutou pela causa indígena e pela autonomia das mulheres no Século XIX. É um dos nomes mais importantes do movimento sufragista no país. |