Presidente da APMP indica repasse do prêmio internacional contra corrupção ao Memorial do MPPR
Em continuidade às comemorações do Dia Nacional do Ministério Público, ocorreu, nesta terça-feira, 14 de dezembro, a transferência da guarda do troféu representativo do “Prêmio Integridade", concedido pela ONG Transparência Internacional, em 2001. O repasse foi sugerido pelo presidente da APMP, André Tiago Pasternak Glitz. Na ocasião, o procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia, recebeu o prêmio.

O prêmio foi entregue, na época, aos promotores do MPPR de Londrina e ao representante da sociedade londrinense, Valter Orsi, no Castelo de Praga, em reconhecimento ao trabalho conjunto, iniciado em 1999, de enfrentamento à corrupção identificada no caso que ficou conhecido como “escândalo AMA/Comurb”. Após tomar conhecimento da gravidade dos fatos, a população londrinense criou o movimento “Pé vermelho! Mãos limpas”, agindo ativamente para garantir o avanço das investigações.
A peça, feita em ripas de vidro laminado, pertencia ao acervo pessoal do procurador de Justiça Bruno Sérgio Galati, que recebeu o prêmio juntamente com o procurador de Justiça Cláudio Rubino Zuan Esteves e a promotora de Justiça Solange Novaes da Silva Vicentin, todos eles promotores que atuavam em Londrina naquele período. No ato simbólico, realizado nesta terça-feira, Galati entregou o troféu ao presidente do Conselho Curador do Memorial, Sérgio Renato Sinhori, procurador de Justiça aposentado. A peça passa a compor o acervo do Memorial.
Coragem e vanguarda
“A comunidade internacional conferiu ao MPPR um importante reconhecimento pela atuação que foi exemplo para outras instituições na seara da defesa do estado democrático de direito e na luta por uma administração pública mais ética e mais responsável”, destacou o procurador-geral de Justiça, Gilberto Giacoia. “O prêmio simboliza a valorização do intimorato trabalho realizado pelo Ministério Público do Paraná, protagonizado por notáveis colegas que estavam à frente de uma corajosa atuação de combate à corrupção e aos desmandos administrativos da Londrina de décadas atrás.”
Bruno Galati ressaltou que o prêmio foi uma conquista coletiva e citou, em especial, o procurador de Justiça Leonir Batisti, hoje coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e o procurador de Justiça aposentado Antônio Winkert Souza. “Todos os promotores de Justiça de Londrina daquele período são detentores desse prêmio pela forma como atuamos naquele momento diferenciado da história de Londrina. Agimos como irmãos de fé na nossa Constituição e na nossa democracia”, pontuou. “É importante lembrar que o caso teve muita repercussão na época devido ao grande envolvimento da sociedade, em um contexto no qual o combate à corrupção era prioridade para a população brasileira”, enfatizou.
Para Cláudio Esteves, “essa doação ao Memorial do troféu recebido em 2001 é, na verdade, a efetiva entrega do prêmio ao Ministério Público daquilo que lhe pertence. O prêmio é do Ministério Público do Paraná e mostra como a instituição estava na vanguarda das grandes investigações”. De acordo com Solange Vicentin, “o prêmio serve para demonstrar que o Ministério Público é uma instituição em permanente construção e que seus membros precisam ter esse espírito aguerrido para fazer o trabalho em prol da sociedade, apesar de todas essas forças contrárias que sempre estiveram presentes na nossa atuação”.
“Aquele foi um momento de extrema luz para o Ministério Público, possibilitado pela unidade e indivisibilidade dos colegas que atuavam na época em Londrina”, afirmou Sérgio Renato Sinhori. “Eles foram, na verdade, os primeiros lançadores da força-tarefa contra a corrupção que teve êxito no Brasil e também os criadores da metodologia processual e investigativa contra a corrupção no país. O mundo reconheceu a gravidade da situação e a força interruptiva que esteve nas mãos daquelas pessoas.”
Como integrante do conselho curador do Memorial, o coordenador de Assuntos Institucionais, Fernando Mattos, destacou: “A premiação internacional recebida pelos valorosos colegas de Londrina e agora entregue oficialmente à instituição, se deu em virtude de uma atuação combativa, comprometida e dedicada, que tanto nos orgulha e que integra de forma destacada a história do MPPR. Foram sementes plantadas há tantos anos e que até hoje geram grandes árvores e frutos na luta contra a corrupção".
O presidente da Associação Paranaense do Ministério Público (APMP), André Glitz, que sugeriu o repasse do prêmio ao Memorial, destacou a competência, a coragem e a criatividade dos colegas de Londrina: “Eles utilizaram técnicas especiais de investigação inéditas na época. Foi um trabalho pioneiro, corajoso e desbravador de combate à corrupção, realizado apesar do momento histórico conturbado que enfrentamos naqueles tempos. Que sirva de exemplo para que sigamos trabalhando nos tempos de hoje, também difíceis”.
Resgate histórico
O Memorial destacou em sua página no site institucional a fala da presidente do Comitê de Prêmios de Integridade em 2001, Virginia Tsouderous, na oportunidade de entrega da homenagem:
"Hoje estamos homenageando pessoas de valor extraordinário. Recebemos indicações de muitos países, mas nossos vencedores de 2001 se destacaram por sua determinação excepcional de usar os cargos públicos que lhes foram confiados para combater a corrupção, mesmo quando constataram que o suborno está ocorrendo nos mais altos escalões do governo."
Saiba mais informações no site do Memorial sobre os 20 anos do Prêmio Integridade 2001.
Conselho curador
Também integram o conselho curador do Memorial do MPPR Cid Raymundo Loyola Junior, Valéria Teixeira de Meiroz Grilo, Marcos Bittencourt Fowler, André Tiago Pasternak Glitz, Vitor Alberto Fontoura Rodrigues e Maria Amélia Lonardoni.


Com informações e fotos: MPPR.