Samia Saad Gallotti Bonavides participa de congresso internacional no México
A Associada da APMP e Procuradora de Justiça Samia Saad Gallotti Bonavides participou, em 14 de agosto, do Congresso Internacional “Querétaro por la Paz - Construyendo Humanidad de Paz”, na cidade de Querétaro, México. Convidada para compartilhar experiências práticas, Samia proferiu sua palestra em espanhol, abrindo a programação científica do evento, que teve duração de dois dias.
Durante a conferência, Samia destacou a participação feminina em iniciativas de paz comunitária, especialmente no movimento da Justiça Restaurativa no Brasil. “No Ministério Público e em outras instituições, vemos muitas mulheres envolvidas nesse processo, o que estimula projetos e ações diferenciadas na comunidade, quer sejam fomentadas por órgãos públicos ou organizadas pelas próprias mulheres em seus territórios”, afirmou.

Ela também citou o recente Congresso Nacional do CNJ sobre as mulheres e a justiça restaurativa, realizado em março, que reuniu 300 mulheres do Judiciário, o que vem reforçar o protagonismo feminino no país, no campo da metodologia consensual como alternativa ao sistema punitivista.
Para ilustrar esse impacto, Samia apresentou quatro experiências do Paraná. Em Colombo, a Promotora de Justiça Juliana Baron desenvolveu um projeto em casas de acolhimento de crianças e adolescentes, envolvendo homens e mulheres com a metodologia restaurativa, com formação do NUPIA/Ministério Público. “A iniciativa trouxe mudanças significativas no ambiente de acolhimento, fortalecendo vínculos e criando novas formas de diálogo”, explicou.
Em Cianorte, a Promotora de Justiça Elaine Lopo Garcia Rodrigues e a Assistente Social Adrieli Volpato organizaram grupos reflexivos para homens autores de violência doméstica e que também trabalharam com mulheres. O projeto resultou na criação de um Conselho Municipal para enfrentar a violência de gênero e, desde 2017, foram realizados 51 grupos com apenas oito casos de reincidência. “É um trabalho pensado e implementado por mulheres, que modificou positivamente a política pública local”, destacou Samia.
Já em Londrina, a servidora do Ministério Público Carolina Sodré, que também fez sua formação no NUPIA, junto com outras duas mulheres, criou o espaço “Elas”, uma rede de acolhimento para mulheres em situações de vulnerabilidade emocional. Ali, elas compartilham experiências, recebem apoio psicológico e encaminhamentos assistenciais, fortalecendo vínculos e promovendo solidariedade.
O quarto projeto apresentado não é vinculado ao Ministério Público, mas foi estudado em pós-doutorado, sob sua orientação, na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Trata-se das “Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná”, um grupo de cerca de 250 cafeicultoras que, com apoio do IDR-PR desde 2013, assumiram protagonismo na produção de cafés de alto valor agregado. A iniciativa melhorou a renda familiar, criou redes de apoio entre as mulheres e fortaleceu a igualdade de gênero, inclusive oferecendo suporte em situações de violência doméstica. Além disso, a produção já conquistou prêmios internacionais.
Ao encerrar sua participação, a Associada explicou que seu objetivo era apresentar aspectos práticos de uma outra realidade, mostrando iniciativas efetivamente implementadas que comprovam a força transformadora do trabalho das mulheres na construção de comunidades mais justas e pacíficas.