Reflexão, conexão, acolhimento, partilha, sororidade e conversa entre mulheres. Assim foi a noite do dia 09 de março de 2023, durante a realização do evento “Sessão de Cinema APMP”, promovido pela Diretoria de Mulheres da APMP, em alusão ao Dia da Mulher.  

Cerca de 25 associadas estiveram presentes e prestigiaram o evento, que ocorreu no CINE PASSEIO, em Curitiba. A programação iniciou com a exibição do filme “Entre Mulheres”, da Diretora Sarah Polley, lançado neste mês de março nos cinemas brasileiros. Todas as participantes ganharam um voucher para pipoca e bebida logo no início do evento.  

Baseado no livro homônimo de Miriam Toews, a produção retrata um grupo de mulheres que moravam em uma comunidade cristã menonita e descobriram um segredo abominável sobre os homens da colônia. Elas descobriram que os homens usavam sedativos nas mulheres, adultas ou meninas, para estuprá-las durante a noite. Muitas pensavam ser fantasmas ou o próprio demônio que as visitavam a noite como punição pelos seus pecados e, desta forma, a violência já durava anos. Com isso, vítimas de crimes sexuais cometidos pelos homens da comunidade, elas se reuniram em um celeiro para votar se deixavam a comunidade, que representava tudo o que conheciam até então; se ficavam e perdoavam os agressores; ou se ficavam e lutavam para tornar a comunidade um lugar melhor e mais seguro – uma opção perigosa, já que quase todos os homens adultos se dispuseram a pagar a fiança daqueles criminosos. 

O filme denso, intenso, centrado no diálogo dessas mulheres, prendeu a atenção de cada associada e o elenco excepcional e talentoso emocionou, nos mais de 140 minutos, em vários momentos, as participantes. 

Logo após as conversas repletas de traumas e sonhos, tão verdadeiras das personagens do longa-metragem, foi a vez da partilha ocorrer na vida real. Desta maneira, com o término do filme, as associadas se dirigiram para uma sala exclusiva e participaram de uma roda de conversa bem intimista que teve como facilitadoras as associadas e promotoras de Justiça, Daniella Sandrini Bassi e Ticiane Louise Santana Pereira. 

A Diretora de Mulheres da APMP, Mariana Dias Mariano, abriu o momento e agradeceu a presença de cada promotora, procuradora de Justiça e pensionista, mulheres de várias gerações, plurais e únicas.  

Em uma fala poética e inspiradora, Daniella Sandrini Bassi além de tecer suas considerações sobre o filme, trouxe informações sobre a diretora e o brilhante elenco, composto por artistas como Claire Foy, Rooney Mara, Jessie Buckley e Sheila Mc Carthy.  

Para Bassi o filme foi repleto. “É o que o filme é. Pleno. De diálogos, triálogos e multiálogos. Muitas vezes desejei ter um botão de pause ou o comando de câmara lenta, para absorver melhor o que se dizia. Porém, essa não foi a opção da diretora. Que, aliás, recheou o filme para que ele nos absorvesse e não o contrário”, comentou.  

Na sequência, foi a vez de Ticiane Louise Santana Pereira partilhar suas impressões e motivar o debate entre as participantes. A promotora que atua no Júri, em Curitiba, chamou a atenção para o fato de que, infelizmente, os diálogos do filme poderiam facilmente ser transportados para a vida real, de muitas mulheres. Ticiane classificou como uma cultura surreal, as que estavam sujeitas àquelas mulheres, que viviam alheias ao mundo, em um sistema de alienação absoluta. 

Pereira também ressaltou a tomada de consciência daquelas mulheres, o acordar. “Uma vez que uma mulher toma consciência da própria dor, é irreversível. Essa tomada de consciência é que leva a mulher à tomada de decisão, à mudança”, afirmou.  

Assim, por mais de 1 hora, em um espaço acolhedor, empático e democrático, cada associada pode contribuir com seu olhar sobre o filme, ora fazendo conexão com a atuação na carreira, como promotoras de Justiça, ora fazendo conexão com os múltiplos papeis das mulheres, como mãe, esposa, filha, irmã, amiga. 

Durante todo o bate-papo, foi servido um coquetel com opções doces e salgados, especialmente preparado para o evento.  

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Leia aqui a análise completa do filme escrita pela associada Daniella Bassi.